quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Lágrimas de crocodilo

Morro de pena quando ouço ou leio o choramingar de deputados estaduais, federais, senadores, vereadores espalhados por esse imenso Brasil, membros do executivo e judiciário, reclamando da baixa remuneração e do excesso de trabalho. Como choram, os coitados. Imagino a dificuldade de um cidadão obrigado a se sustentar com 15 a 16 salários, auxílio moradia e outros penduricalhos garantidos geralmente na legislação em causa própria. Afinal, não fosse assim, quem se responsabilizaria pelo pão deles de cada dia?

Como o noticiário dos últimos dias anda carregado de críticas injustas às miseras remunerações destes senhores, estou pensando em uma forma de contribuição para minorar o sofrimento e o desgaste dos membros destes segmentos no exercício de suas funções.  Talvez seja possível recorrer a doações de profissionais de outras áreas mais favorecidas nas folhas de pagamento. Junto à Igreja é complicado, o momento é de transição e ouvi falar que os constantes escândalos financeiros fragilizaram os cofres do Vaticano. Sem contar honorários de advogados chamados constantemente a defender acusados de pedofilia. Aquela outra igreja é pior ainda. Os imóveis andam muito caros e os pastores reclamam da má vontade dos seus rebanhos.


De início pensei em abrir um “livro de ouro”, em rifas, mas é mixaria para quem anda tão necessitado e passando dificuldades. Acho que, através da abertura de uma conta bancária, posso começar a busca por auxílio financeiro pelos próprios funcionários públicos, mais bem postos na vida e colegas deste bando de desassistidos.

E os médicos, que tal pingar um troco nesta conta? Falando nisso é imprescindível pleitear, também, um melhor e mais rápido atendimento no sistema de saúde, que seja mais generoso e abrangente nos palácios governamentais, casas legislativas e judiciárias. Mal ou bem, amenizará um pouco o sofrimento causado pelos baixos salários e pela dependência do SUS.

Posso incluir, entre os contribuintes, professores de todas as instâncias da educação brasileira. Enfim, quero mobilizar várias categorias profissionais que não sentem o bolso esvaziado no final de cada mês. Claro que não me esquecerei dos jornalistas. Afinal, são regiamente pagos justamente para fiscalizar e denunciar situações de penúria como as relatadas ao longo do texto. 

E vamos acabar logo com o cinismo e o deboche com os quais encaramos trabalhadores tão explorados, principalmente os que são obrigados a sobreviver em Brasília, onde o custo de vida tira o couro de qualquer um, especialmente da pobre e sofrida classe política.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Laranjada

O que você espera ao contratar um advogado para defendê-lo no tribunal? Que ele faça o máximo para inocentá-lo. Não é assim com o profissional chamado pela Gaviões da Fiel para livrar o menor "laranja" que se apresentou como autor do crime em Oruro. O sujeito declarou em alto e bom som que vai fazer de tudo para "provar a culpa do seu cliente". Causídicos da minha terra, socorrei-me. Quero entender esta lógica jurídica. Abigail Sabá, do Ministério Público boliviano, provou e não gostou deste suco brasileiro.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Cafajestada corintiana

O departamento jurídico da Gaviões da Fiel, a nada confiável facção da torcida corintiana, prometeu apresentar o autor do disparo do artefato que matou o torcedor boliviano semana passada em Oruro. Trata-se, segundo o advogado, cujo nome não sei nem quero saber, de um menor de 17 anos, que estaria profundamente traumatizado e em estado de choque, razão para a sua não apresentação até agora.

É mais um laranja de mais um episódio trágico em estádios de futebol. Diz a lei brasileira, através do Estatuto do Torcedor que, havendo um boletim de ocorrência com a apresentação do autor do ilícito - nesse caso homicídio -, o clube fica isento de qualquer responsabilidade. Quem paga, então, pelo crime cometido. Um menor providencialmente responsabilizado pela ocorrência, claro.

Aqui mesmo em Santa Catarina já observamos este procedimento corriqueiro e malandro da cartolagem quando sente seu clube ameaçado de punição. Lembram daquele torcedor do Criciúma que teve a mão amputada por causa de um rojão atirado por torcedores do Avaí no estádio Heriberto Hulse? Nada aconteceu, o homem até já morreu de outras causas. Agora chegou a vez do Figueirense apresentar um menor que teria atirado um copo plástico na direção de jogadores adversários. BO, menor de idade, tudo se repete para aliviar ou impedir a punição.

Mas, terminamos por ultrapassar fronteiras, chegamos ao requinte. O que era para ter acontecido no Japão na final do Mundial, acabou acontecendo no interior da Bolívia, no pequeno estádio do San José, graças à truculência de bandidos que se denominam torcedores. Espero que a polícia e a própria mídia não engulam mais esta armação, muito mais séria porque envolve a morte de um menor. Assassinato, chama-se este tipo de ocorrência, e não fatalidade, como querem dirigentes, advogados espertos e torcedores corintianos.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Tapem o nariz



Aleluia irmãos. Ao assistir transmissão  da sessão do dia 20 da Câmara Municipal de Florianópolis, me deparei com vereadores debatendo sobre a utilização daquela imensa área do aterro da Baía Sul, após o túnel Antonieta de Barros. Aquele território de frente para o mar corre sério risco de repetir o que aconteceu com o aterro anterior, ocupado hoje com o “merdódromo” logo na entrada da cidade, um portal fedorento que algum imbecil projetou sem se dar conta dos males e odores futuros.

O aterro a que me refiro já começou a ser ocupado por prédios e obras suspeitas, sem falar do mato que toma conta do local após um período razoável sem atenção da Comcap. Ali cabe muito bem um belo parque, uma maravilhosa área de lazer para a comunidade, tão carente deste tipo de equipamento. Tempos atrás, nos primeiros meses da imprestável e suspeitíssima administração Dário Berger, tentei levar o assunto adiante, ação abortada por um conhecido vereadorzinho “moeda verde”.  

Um parque para caminhadas, com quadras de esporte, espaço para bicicletas – ao invés das inúteis ciclovias criadas por Dário – e muita área verde, não despertou o interesse daquela mente pequena e dos seus comparsas.  Hoje basta acompanhar o que acontece naquela região para sentir o perigo que corremos de vê-la transformada, daqui a pouco, em imenso território de prédios públicos e outras porcarias tipo camelódromo, estacionamentos e, não duvidem, uma nova estação para tratamento de esgoto, ou o “merdódromo 2”.  Os gênios da administração pública estão aí para isso, sempre dispostos abertos a soluções criativas. Enquanto nós continuamos de nariz fechado.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

De Raimundo, Césares e Ada

Não fosse a gravidade do momento daria pra rir das declarações das autoridades municipais e estaduais. O prefeito César Souza Jr disse não admitir que o sindicato mande na cidade. Estava se referindo, claro, aos trabalhadores do transporte coletivo, ameaçados todos os dias pela falta de segurança. Mas a bandidagem pode decretar toque de recolher na cidade, isso pode. Pelo menos parece que nosso alcaide vai botar a Guarda Municipal para trabalhar ajudando nas escoltas.

Os inoperantes e invisíveis azuizinhos vão borrar as calças, pouco acostumados a tarefas mais árduas que não sejam parar sob as sombras das árvores nas avenidas e multar o cidadão desasistido. Ah, como a dona Ângela foi sábia e premonitória ao cunhar esta expressão. E a secretária Ada de Luca usou o "nada a declarar" depois da reunião com os vereadores. O pouco que abriu a boca foi para mentir e falar besteira, sua especialidade, aliás. E por onde anda o outro César, o Grubba, conhecido pela alcunha de Secretário da Segurança?

Estamos bem arranjados, os palácios governamentais de Florianópolis nunca estiveram tão mal ocupados. Vamos nos garantir comendo brioches, ainda que a Maria Antonieta da Justiça e Cidadania, Ada Lili para os íntimos, ainda não tenha recomendado. Acho que ela prefere rosquinhas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Faltou dizer

Assisti a reprise hoje de boa parte do programa da TV Com, Conversas Cruzadas, sobre os estádios de SC. Lamentavelmente faltou gente do Ministério Público, a Geni da vez, e algum representante da mídia esportiva que não fosse da RBS, quem sabe o Telles, presidente da Acesc e que tem criticado muito os determinados procedimentos do Delfim Peixoto e seus assessores. Acho que a produção do programa ancorado pelo competente Rento Igor, pisou feio na bola, possivelmente por desinformação.Todos os que foram ao Conversas pertencem a um lado só, justamente o lado que entende que está tudo bem com o futebol catarinense e seus estádios.

Penso que o pessoal do MP não é maluco para inventar problemas e dificuldades. E quem conhece pelo menos algumas das nossas praças esportivas sabe que isso existe e em doses cavalares. Até trave já derrubaram no meio do jogo em Xanxerê.

A verdade é que a Federação tirou o dela da reta porque faz as vistorias nas coxas, inclusive sem a presença de um representnte da mídia. E como esgotar as instâncias da justiça desportiva, como alega Rodrigo Capela, o jurídico da FCF, se ela esteve sempre omissa e só agiu porque o MP foi quem resolveu zelar pela segurança do torcedor? Quando essa turma começa a questionar as ações do MP, abram o olho.

E não existe, nesse caso, a síndrome de Santa Maria, como chegou a sugerir Renato Ígor. A tragédia da boate Kiss aconteceu depois da primeira ação do MP catarinense.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

De qual escola de jornalismo saiu essa peça?

"Jovem escalpelada no kart do Beto Carrero sorri e conversa, mas continua na UTI"

Seria hilária esta manchete do CLIC RBS, não fosse o fato uma quase tragédia


Preciso acrescentar esta linhazinha de apoio que está sob a manchete "Pai diz que gaúcha de 22 anos perdeu o movimento das pálpebras" Ela nunca mais vai piscar, completa a matéria. 

Mas, como lembra o título, está tudo bem com a garota, que sorri e conversa na UTI. Pelo conjunto, a obra merece o prêmio "humor negro 2013". Imbatível

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Condenação esportiva

Em sentença proferida dia 30 de janeiro pelo juiz de direito Luiz Antônio Zanini Fornerolli, em ação ajuizada pelo Ministério Público Estadual, ex-dirigentes da Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis foram condenados por improbidade administrativa. O ilícito chega a ser simplório, a compra de passagem aérea com recursos da Fundação para Denise Cristina Arruda Costa.

Do processo fazem parte, além da passageira Denise Cristina, o ex-presidente da instituição, Édio Manoel Pereira, Anderson Milton Donizete Barcelos e Roberto Katumi Oda, ambos da direção administrativa financeira. Katumi, que também já foi diretor da Fesporte, voltou à Fundação agora, na gestão Cesar Souza Jr. para ocupar a mesma função, além de ter sido eleito vereador no último pleito. Ainda cabe recurso desta decisão.