domingo, 4 de setembro de 2011

Apropriação indébita


No país da bola nem o futebol anda tão redondinho assim. Só o voleibol e o futsal, os primos ricos das nossas modalidades esportivas preferidas, é que conseguem superar crises e não precisam passar o chapéu. Tem quem garanta associações organizadas, atletas bem pagos e ginásios cheios. Desde, é claro, que exista por trás, ainda que efêmero na maioria das vezes, projeto de alguma empresa forte que lhe dê sustentação.

As demais práticas esportivas e seus atletas morrem à míngua ou fazem milagres para sobreviver. É assim com o remo, ex-xodó de Florianópolis e de uma torcida fiel que durante anos freqüentou as raias das nossas belas baías. Havia um acompanhamento com sincero interesse das competições que envolviam Aldo Luz, Riachuelo, e Martinelli, pela Capital, e alguns clubes do interior, a grande maioria já extinta.

Os projetos sobreviventes, nascedouros de remadores logo absorvidos pelo Rio de Janeiro, o grande centro do remo brasileiro, produzem campeões como Fabiana Beltrame. Esta semana ela ganhou na Eslovênia um ouro inédito para o Brasil com o título no Mundial categoria single skiff leve.

Ela saiu cedo de Florianópolis para aprimorar sua técnica no remo carioca e ganhar condições para disputar competições internacionais como esta que acaba de vencer derrotando a suíça e favorita, Pamela Weisshaupt. Se ficasse no seu estado batendo nas portas de empresas ou das esferas governamentais, adeus esporte, fim do sonho de confrontos internacionais e títulos de grande repercussão.

O apoio do programa Petrobras Esporte & Cidadania veio lá fora. Aqui, nada de reconhecimento e Fabiana acabou repetindo o roteiro dos grandes atletas criados em Santa Catarina. Por tudo isso é com espanto e um pouco de irritação que agora ouço, leio e vejo a campeã mundial Fabiana tratada insistentemente pela mídia e por autoridades esportivas como “a nossa manezinha”. Medalhas e condecorações já devem estar sendo confeccionadas pelos ocupantes do Palácio do Governo e das Secretarias que só têm recursos para projetos megalômanos e/ou suspeitos.

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