quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dás um banho de lágrimas



“Sentimental eu sou
Eu sou demais
Eu sei que sou assim
Porque assim ela me faz”


Homem não chora. Mentira. Chora e muito. O Paulo Brito segunda-feira chorou discursando no lançamento do livro sobre o Roberto Alves e quarta à noite conheci outro chorão dos bons, o Fenelon Damiani, na sua festa de 50 anos de comunicação, no teatro Pedro Ivo. E como chorou o homem. Soluçou pela homenagem, pela família, pelos amigos, pelo seu querido Figueirense, pela vida, enfim. Respirou fundo o tempo inteiro para não sucumbir à emoção.

Tem chorão por todo o canto, sei de vários, emotivos, sentimentais, inspiradores, quem sabe, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, compositores preferidos do Altemar Dutra. Lembram dele? Cantor da “Sentimental Demais”, ídolo das moças da madrugada, dos tempos do, “paga um cuba bem”?

Vem mais choradeira por aí, sempre sob chancela da Associação Catarinense de Imprensa e do seu presidente, Ademir Arnon, que já programou mais festas e homenagens a jornalistas. A fila vai andar com Valter Souza – mestre de cerimônias do chororó do Fenelon -, Osmar Teixeira e outros que forem chegando aos 50 anos de profissão ou ganhando prêmios pelo caminho. Agosto não será o mês do desgosto, apesar das lágrimas esperadas para o dia 16, na Arena Multiuso de São José, quando a dupla Paulo Brito/Roberto Alves sobe novamente ao palco para mais um lançamento do “Dás um banho”.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tem catarinense no fraldário do Mano

Renan, futebol de gente grande (foto site do Avaí)


A convocação da nova seleção brasileira agradou a gregos e troianos, quero dizer, a paulistas e cariocas. E a nós catarinenses também, por que não? Afinal de contas lá está o menino Renan, da divisão de base do Avaí, de apenas 19 anos.

Há muitas surpresas na lista do Mano Menezes, a maior delas para Santa Catarina, sem dúvida a do goleiro avaiano, natural da vizinha São João Batista e que acaba de assumir a posição de titular com a lesão do Zé Carlos.

Além das suas boas atuações observei que, apesar da pouca idade, ele mostra muita segurança também ao se comunicar com a imprensa. É objetivo e foge dos “com certeza”, “vou dar o meu melhor”, “o jeito é trabalhar e levantar a cabeça”, e muitos outros chavões que fazem parte do reduzido vocabulário da boleirada. Pode ser que isso não o encaminhe para a Academia Brasileira de Letras, mas com certeza – desculpem – facilitará seu entendimento do meio em que vive e de como contornar as dificuldades que surgirão mais adiante.

O trabalho de preparação sob o comando de Mano Menezes inclui a seleção olímpica para 2012, antes da principal em 2014. É a chance da carreira do Renan e não há tempo nem espaço para deslumbramentos, o que acredito não vai acontecer pela maturidade que tem mostrado apesar de recém ter largado a chupeta e as fraldas.

Todos os caminhos levam à Assembléia



Ele é o cara da mídia esportiva, com a cara de Florianópolis, a sua cidade. Roberto Alves, multimídia, é o personagem desta noite, companheiro de infância e de profissão do jornalista e professor Paulo Brito, autor do livro “Dás um banho – o rádio, o futebol, a cidade”. Brito escreveu sobre a vida do Roberto , sua vivência no rádio, na tevê e outras mídias que dominou mais recentemente nos seus mais de 50 anos correndo atrás da bola e das notícias do esporte.

Conheço bem o Paulo Brito, com quem trabalhei no jornal O Estado na década de 70, depois de conseguirmos o canudo no curso de jornalismo da PUC em Porto Alegre. Sua irreverência confunde e atrapalha principalmente aqueles que gostam do “prato feito”, consumido apenas no cardápio do mau jornalismo.

Já o Roberto Alves fui conhecendo aos poucos desde que cheguei a Florianópolis em 1972. Primeiro subindo o Morro da Cruz, na época sem luz e sem asfalto, para participar com outros companheiros e convidados do “Terceiro Tempo”, na TV Cultura. Sob o comando do Roberto, curtíamos um bate-papo livre e descontraído que invadia a madrugada, sem tempo para terminar, graças à permissividade de uma nada rígida grade de programação. Depois trocamos figurinhas no rádio, veículo da minha paixão desde os tempos de garoto quando ouvi a Copa de 58 cheia de chiados. Foi o Roberto quem me deu a primeira chance no microfone apesar de eu ser até então um homem só de jornal.

Interessante, não Alves? Com sua devida vênia, todos os caminhos nesta segunda-feira levam à Assembléia Legislativa. Vamos lá, a partir das 19h30, confraternizar com o Roberto e com o Brito.

sábado, 24 de julho de 2010

Mais um Judas para a malhação

E agora Mano?

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, atirou no que viu e acertou no que não viu. Normal. Tem sido assim na sua gestão. O episódio do novo treinador da seleção brasileira põe a nu mais uma vez a administração amadora da entidade que deveria dar um rumo seguro ao nosso futebol. Temos material humano de sobra, matéria prima desde o berço para grandes times e grandes seleções. Pecamos no essencial porque não sabemos o que fazer com essa capacidade de produzir craques, ou pelo menos bons jogadores.

Nosso problema não é só de técnicos. Tem aos montes. Dependendo dos resultados cada ano nasce um. Nossa gigantesca carência é muito mais de gestão, de falta de bons dirigentes, de administrações sérias, competentes e que tenham compromisso com o plantar e regar para colher bem no futuro.

Nada é assim no Brasil e no futebol, então, nem se fala. Fiquei com a impressão que o Muricy Ramalho deu uma de esperto. Orgulhoso com o convite foi conferir a conversa do Ricardo Teixeira, não gostou do que ouviu e colocou a decisão nas mãos dos dirigentes do Fluminense. E ficou com os dedinhos cruzados torcendo para que desse “errado”, para que o clube não o liberasse. Tirou um peso dos ombros.

Mano Menezes, mais novo no mercado e ansioso por uma oportunidade de chegar à seleção brasileira, como bom gaúcho não deixou passar o cavalo encilhado. Montou nele. Tomara que não caia ali adiante.

Não por falta de competência. Mas por ausência absoluta de um projeto sério e do tamanho da responsabilidade de montar uma equipe que não poderá perder de novo uma Copa do Mundo em casa.

Falta a estrutura que dê o necessário suporte ao técnico e à sua comissão. Não aquela convencional com um homem para escolher hotéis, reservar passagens e sacudir o pó dos seus ombros fazendo que não é com ele quando a casa ruir. Vem aí o de sempre, com um treinador, preparadores físicos, treinador de goleiro, fisioterapeuta, quem sabe um psicólogo, treinos na Granja Comary sob frio e neblina, enfim, tudo como dantes. Ah, sem esquecer o assessor de imprensa que não fede nem cheira.

Nada de gente gabaritada para trabalhar as divisões de base e olhar um pouco além do Maracanã e Morumbi. O país é muito grande e se joga futebol do Oiapoque ao Chuí, só os dirigentes não sabem disso.

Mano Menezes desde já vai se submeter àquele jogo de gato e rato, com a mídia cobrando tudo, muitas vezes com açodamento e pouco entendimento sobre o que está acontecendo. Quando não, movida por aquele regionalismo idiota. Como agora, quando apenas andou atrás de nomes, sem se dar conta do tamanho da encrenca. Corremos sério risco de repetir os mesmo erros e chegar aos mesmos resultados, que podem ser tão trágicos ao ponto de chorarmos mais um “Maracanazo”. 1950 dói até hoje e o Judas Barbosa já morreu. Precisaremos de outro e no momento oportuno ele vai aparecer. Se é que ele já não foi escolhido.

terça-feira, 20 de julho de 2010

No handebol, como no futebol

Estão de olho na gente por causa do Mundial de Handebol em 2011 que nos comprometemos a organizar e até agora nada. Tem até uma Arena Sapiens no norte da Ilha para 8 mil pessoas cujas obras ninguém sabe, ninguém viu. Houve uma reunião em Florianópolis na Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte com representantes de todas as sedes catarinenses, menos Florianópolis. Será que o Brasil, no caso Santa Catarina, vai repetir com o handebol o que já fazemos no futebol? A Folha de São Paulo e o portal Uol produziram matéria sobre o assunto.

Handebol patina para fazer Mundial

Torneio feminino, que será em SC no fim de 2011, não tem comitê organizador e fonte definida de recursos

DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO


O primeiro Campeonato Mundial feminino de handebol que será disputado no Brasil, em dezembro de 2011, está longe de tomar forma.

O país conquistou o direito de sediar a competição em fevereiro de 2009, batendo países estruturados como Holanda e Austrália. Mas, a um ano e meio da abertura, só estão definidas as sedes.

Nem um COL (Comitê Organizador Local) foi montado ainda e não há previsão de quando serão captados recursos do governo federal.
A morosidade fica aparente se comparada com as demais competições internacionais no país. Os Jogos Mundiais Militares serão no Rio de Janeiro em 2011 e desde 2007 já se sabe onde, quando e como serão organizados. O Mundial de futsal, em 2008, começou a ser organizado em janeiro de 2006.

"Não estamos atrasados", declarou Fabiano Redondo, diretor de marketing da CBHand (Confederação Brasileira de Handebol). "Não é uma competição que precisa ser organizada quatro anos antes. No Mundial da França, em 2007, as sedes foram escolhidas seis meses antes da abertura", comparou.

Florianópolis, Joinville, São José, Brusque e Balneário Camboriú receberão as 24 seleções. Apenas Brasil, por ser sede, e Rússia, a atual campeã, estão garantidos.

A estimativa de gastos da CBHand caiu de R$ 18 milhões para R$ 12 milhões, segundo a entidade. Isso porque os governos municipais assumiram as despesas de pessoal para limpeza e administração das instalações no intervalo entre os jogos.

"Para chegarmos ao orçamento previsto, vamos contar com apoio privado, de parceiros da confederação, prefeituras e governo do Estado, além do ministério do Esporte, via lei de incentivo", citou Fabiano Redondo.
Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do ministério do Esporte não havia confirmado se o Mundial estava previsto no orçamento da pasta.

Nos R$ 12 milhões, estão incluídos os gastos com passagens dos membros da IHF (sigla em inglês para Federação Internacional de Handebol), hospedagem, alimentação e transporte terrestre.

As adequações nas arenas são de responsabilidade das prefeituras. A maior delas será a Sapiens Arena, em Florianópolis, com capacidade para 8.000 pessoas e que deverá receber as finais.

O "Diário Oficial" de SC publicou a criação do Comitê Gestor, com membros dos governos estadual e municipal e da CBHand. Ele está hierarquicamente acima do COL, mas não é responsável pela execução dos planos.


Sede do próximo mundial feminino de handebol, Brasil engatinha na organização

Do UOL Esporte
Em São Paulo



Sede do Mundial feminino de handebol pelo primeira vez, o Brasil ainda não se mobilizou em praticamente nada para estruturar o torneio, marcado para dezembro de 2011, em Santa Catarina. Cerca de um ano e meio após ganhar o direito de receber a competição, apenas as cidades-sede estão definidas: Florianópolis, Joinville, São José, Brusque e Balneário Camburiú.

Nem um comitê organizador foi definido pelas autoridades, e não se sabe quando serão captados recursos federais para agilizar a estrutura da competição. Mesmo assim, os dirigentes não acham que há atrasos em relação ao evento.

“Não estamos atrasados. Não é uma competição que precisa ser organizada quatro anos antes. No Mundial da França, em 2007, as sedes foram escolhidas seis meses antes da abertura”, alegou o diretor de marketing da Confederação Brasileira de Handebol (CBHand), Fabiano Redondo em entrevista à Folha de S.Paulo.

Contudo, as estimativas de gastos já estão previstas pela CBHand e cairam de R$18 milhões para R$12 milhões pois os governos municipais assumiram custos de alguns setores, como limpeza. Nesse valor, estão incluídos gastos com passagens, hospedagem, alimentação e transporte terrestre.

“Para chegarmos ao orçamento previsto, vamos contar com apoio privado, de parceiros da confederação, prefeituras e governo do Estado, além do ministério do Esporte, via leia de incentivo”, completou Redondo.

Além do Brasil, país-sede, apenas a Rússia, atual campeã, já está classificada para o torneio.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O jogo sujo da impunidade

Tenho observado que há muita gente pisando em ovos quando se trata de abordar qualquer assunto polêmico referente à entidade que manda no futebol de Santa Catarina. Todo mundo sabe que em sua sede no balneário mais badalado do Estado reina há quase um quarto de século um ser adepto da eternização nas presidências de clubes, federações e confederações.Por isso mesmo o homem faz parte de uma seita de muitos seguidores no país inteiro.

Será medo diante de tanto poder amealhado ao longo de décadas neste reinado? Ou haverá interesses convergentes e facilitadores que encaminham a uma aproximação? Podemos considerar as duas hipóteses. Na primeira há um estranho silêncio, justificado talvez pela conivência com irregularidades administrativas e contas aprovadas de afogadilho e por aclamação. Vale também nepotismo, arranjos para a proteção escancarada a determinados árbitros, composição na medida para uma gestão arcaica e contaminada por tudo o que há de ruim. No segundo caso o jogo é mais pesado, pois envolve negócios e contratos que dificilmente mudam de mãos.

A violência de um assessor da tal entidade contra o radialista Rodrigo dos Santos, da Rádio Cidade, de Brusque, fato ocorrido em Joinville, no último sábado, dá bem a medida de como se toca o futebol profissional e outros setores da vida pública por aqui. O agressor agiu com a benção paterna e protegido por seguranças para invadir a cabine da emissora nz Arena. Nada vai acontecer, a não ser pelo registro policial da ocorrência, iniciativa do agredido, que teve o nariz fraturado e ganhou escoriações pelo rosto.

O silêncio quase total, a conivência e a falta de solidariedade não só avalizam este tipo de comportamento como incentivam a impunidade diante da corrupção e da truculência que acostumamos a acompanhar nos últimos tempos por toda Santa Catarina.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O mundo do futebol agradece à "La Roja"

Del Bosque na festa com jogadores campeões (Site RFE)

Os espanhóis deram um belo exemplo de que o futebol coletivo e de comprometimento pode ser jogado com técnica e habilidade, sem matar a essência deste esporte. Jogaram bem quase toda a Copa, apesar do susto da estréia quando perderam para a Suíça. Na final souberam envolver os holandeses com um futebol bonito, de muito toque, e aguentaram a pancadaria adversária tolerada pela péssima arbitragem inglesa.

O amor pela camisa não precisa descartar a habilidade para formar “grupos fechados” nem responder à violência com truculência verbal e física. Com 32 câmeras em cada transmissão não há como mentir para o torcedor. Hoje o público tudo vê, nos estádios ou fora deles. Ficou impossível enganar a quem quer que seja.

A insistência com declarações distantes da realidade beira o ridículo e descredencia cada vez mais os que privilegiam a incoerência e não admitem o fracasso. Brasil, França, Itália e Argentina, os sócios mais antigos e assíduos do clube dos campeões, acabaram a Copa da África do Sul como ícones de teorias envelhecidas. A Alemanha, da revelação Thomas Muller, contou com o título antes da decisão e se deu mal, mas sua equipe jovem virá muito forte para o Brasil em 2014. O Uruguai, comandado por Forlan, o melhor da copa africana, salvou os sul-americanos com um time guerreiro e uma campanha eficiente, de acordo com suas limitações.

Ao Brasil resta torcer para que dois bicudos consigam se beijar e levar adiante nosso projeto que precisa mostrar eficiência já em 2013 na Copa das Confederações. Ricardo Teixeira cutucou Lula na entrevista coletiva em Johannesburgo, com queixas sobre as carências dos nossos aeroportos e outras deficiências de infra-estrutura urbana. Lula, como sempre avesso às críticas, já respondeu à Teixeira com sérios reparos à sua administração na CBF. Pior é que os dois têm razão.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Começamos mal, muito mal



A Copa da África do Sul ainda é um moribundo e já temos a próxima vítima, a Copa de 2014 no Brasil. Cercada de polêmica e de incertezas a quatro anos de sua realização, nossa Copa vem merecendo as primeiras ações preventivas em forma de antídotos injetados pela própria Fifa, com o objetivo evitar a contaminação pela falta de projetos consistentes e do atraso na implementação do que foi apresentado como garantia. O primeiro alvo são os aeroportos, as obras de reformas e construção de estádios também estão na mira. Falam em quatro anos, que na verdade são três por causa da Copa das Confederações, o evento teste. Estamos a passo de cágado.

O Financial Times atacou nosso planejamento que “até agora tem sido tipicamente brasileiro, ou seja, burocrático, desorganizado e lento”. Destaca ainda que o custo das obras será altíssimo e sem retorno e que pelo menos 12 estádios vão virar elefantes brancos. A entrevista coletiva na África do Sul do presidente da CBF no lançamento da Copa 2014 foi um desastre, a começar pelo anúncio da divisão do país em quatro regiões para “evitar o caos aéreo” com a movimentação de turistas e seleções. As primeiras impressões e/ou previsões sobre o que teremos pela frente começaram a pipocar negativamente na mídia brasileira.


Brasil cogita a estupidez de setorizar a Copa

Por Erich Beting, do portal Uol


A Copa do Mundo de 2014 deverá dividir o Brasil em quatro. O presidente Ricardo Teixeira acaba de revelar que se estuda a chance de "fatiar" o país em diferentes regiões para melhor atender à demanda de transporte e evitar grandes deslocamentos dos torcedores durante o Mundial.


Se a proposta de fato vingar, o Brasil cometerá um dos maiores erros no que diz respeito a saber fazer dinheiro e faturar com uma Copa do Mundo.
Até 1994, o Mundial era "setorizado". Cada grupo ficava numa única sede. Até então, a Copa acontecia em países relativamente pequenos, com facilidade e agilidade de deslocamento entre as diferentes cidades-sedes. Quando o Mundial foi para os Estados Unidos, país de dimensão continental tal qual o Brasil, acabou-se esse história de que um time ficava numa única sede.


E o raciocínio americano foi simples, lógico e claro. Deixar um torcedor cerca de duas semanas num mesmo lugar é estúpido do ponto de vista turístico. Se ele vai para o país da Copa, não pode ficar "confinado" a um único lugar. Tem de viajar, conhecer diferentes regiões, pagar pela passagem, hospedagem, consumo...
Desde então, até mesmo a Copa de 2002, dividida entre Japão e Coreia do Sul, contou com deslocamento entre países de torcedores.


Ao fatiar o país em quatro, o Brasil assume sua incompetência no que diz respeito à infraestrutura de transporte. Sem estradas decentes, sem malha ferroviária e com aeroportos sucateados, o país não conseguirá atender à demanda de uma Copa do Mundo.
Durante quase dois anos, as cidades, com a conveniência do Comitê Organizador Local, preferiram fazer balão de ensaio político em vez de trabalhar para organizar, decentemente, o Mundial.


Fatiar o país, além de atestado de incompetência, é de uma burrice tremenda no que diz respeito a aumentar a receita com o turismo. Além de perder uma grande oportunidade de mostrar o quão diverso, e rico, é o Brasil.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A propósito

Minha amiga do "Tijaí", que já morou na Espanha e atualmente está em Brasília, a jornalista Simone Garcia, lembrou da composição do Milton Nascimento e da Leila Diniz, "Um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco". E só pra constar: não registrei em cartório nem apareci na televisão como aquele polvo, palpiteiro dos bons, mas tenho o testemunho confiável dos amigos> Minha projeção para a final, feita antes de a Copa começar, apontava para Espanha e Holanda.

A poesia do Milton e da Leila

Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
O mar é das gaivotas
Que nele sabem voar
Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
Brigam Espanha e Holanda
Por que não sabem que o mar
Por que não sabem que o mar
Por que não sabem que o mar
É de quem sabe amar

Um gol pra lá de ilegal

Giba no jogo de Pelé no Adolfo Konder


O Gilberto Nahas, ex-árbitro, agora também em todos os sentidos um ex-combatente (foi sepultado nesta quarta (7)no Itacorubi), tinha boas histórias para contar, vividas em campos de futebol e cercadas de muita polêmica. Algumas engraçadas, como aquela bem conhecida do estádio Adolfo Konder, quando expulsou os 22 jogadores de Avaí e Figueirense. Era um jogo em homenagem ao aniversário da Marinha e virou “o clássico da vergonha”. Como bandeira lembro do Nahas no amistoso entre Avaí e o Santos do Pelé, ainda no velho Adolfo Konder. Nunca aquela carequinha levou tanta laranja de uma torcida.

Giba, como gostava de ser chamado, não tinha vergonha nem medo da encrenca e da polêmica, muito menos das críticas duras que às vezes envolviam suas arbitragens. Sempre tinha uma explicação. Testemunhei uma atribulada atuação dele, em fins de 1971, jogo no Orlando Scarpelli entre Figueirense e Juventus de Rio do Sul, estréia de Santa Catarina na Loteria Esportiva.

Era minha primeira vez também em gramados da Capital. Ainda estava em Blumenau, no Jornal de Santa Catarina e jogo da Loteria Esportiva era uma festa, uma atração para rádios de todo o país. Para Florianópolis vieram Globo, Tupi, Bandeirantes, sei lá quem mais, para ver os catarinenses começando na LE.

O narrador JB. Telles trabalhou como repórter neste jogo para uma das emissoras de fora. Não lembro qual. Pelo jornal fiquei atrás de um gol, à esquerda das cabines. Árbitro, Gilberto Nahas, placar de 1 a 0 para o Juventus, segundo tempo.

Lá pelas tantas aconteceu um cruzamento alto para o meio da área. O ponteiro Caco pulou mais alto que um zagueiro e marcou com a mão o gol de empate do Figueirense. Foi como uma cortada do voleibol, de cima para baixo, e bem na minha frente. O Giba, sem vacilar, confirmou o gol, apesar da chiadeira juventina. Fiquei surpreso, o toque de mão fora muito claro. O Telles saiu do seu posto e veio correndo me consultar, dada a minha posição privilegiada. Dei a informação baseado no que meus olhos viram e no que realmente aconteceu. Gol ilegal.

Jogo de Loteria, confusão das grandes. O fotógrafo do Jornal de Santa Catarina era o J.B Scalco, já falecido, um gaúcho que passou por aqui e acabou na Revista Placar. Dia seguinte foto do Scalco na capa do JSC e nos principais jornais do Brasil com o Caco em primeiro plano no momento em que socava a bola para marcar o gol do Figueira.

O árbitro, claro, disse que viu o lance como legal, com o bandeirinha nem aí pra confusão. Giba enlouqueceu, não admitiu o erro documentado por testemunho e fotografia, e aprontou um escarcéu. Disse que era montagem, pediu o negativo para periciar na polícia, ameaçou o jornal, pintou e bordou. Não teve jeito. A solução foi esperar o assunto esfriar, voltar às boas com a imprensa e acrescentar o episódio às histórias e ao folclore do futebol catarinense. Valeu Giba

A seleção e os selecionados



Baixada a poeira da eliminação do Brasil, a demissão via internet da comissão técnica e o encaminhamento dos finalistas – acertei a Holanda, faltava confirmar a Espanha -, vamos começar de novo, e logo. Não sem antes lembrar algumas coisinhas que não estão sendo ditas nem somadas às razões do nosso fracasso na África do Sul.

Tratemos especialmente da falta de entendimento do significado das palavras seleção e selecionado, fatal para as nossas pretensões. Seria o menor dos problemas tivesse o Dunga consultado um bom dicionário logo que assumiu. Em português bem simplesinho, estamos falando da “escolha dos melhores”.

Tá lá no Aurélio, bastava abrir a página destes verbetes para descartar Doni, Kleberson, Josué, Michel Bastos, Gilberto e Felipe Melo, entre outros. Deixando de fora jogadores mais jovens e realmente selecionáveis, Dunga e seu fiel escudeiro Jorginho tiveram que lidar com uma série de dificuldades com desfecho no pé na bunda diante do primeiro adversário mais encorpado que encontramos pela frente, no caso a Holanda.

Os supracitados certamente não se enquadram na definição oferecida pelo dicionário. Mas estão entre os comprometidos, como gostava de salientar o técnico. Não se sabe bem que tipo de comprometimento, talvez com a truculência e o destempero, seguindo o mestre, como ficou demonstrado pelas reações do banco e dentro do campo.

Leite derramado vamos em frente, começando pela renovação, agora apregoada até pelo presidente Ricardo Teixeira. Novamente problemas com o dicionário, pois na Copa de 2014 no Brasil o homem vai completar 25 anos à frente da Confederação Brasileira de Futebol. Mudou até o estatuto da instituição que preside para se garantir até lá.

sábado, 3 de julho de 2010

Sonhos



Vamos imaginar outra competição logo após o fiasco nesta Copa. Na verdade logo teremos com o que nos distrair, mas apenas um amistoso dia 10 de agosto nos Estados Unidos. Já serve. Quem sobraria desta seleção? Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan. E...? Robinho, quem sabe. Do banco resgataríamos o Nilmar. Alguém mais?

Fora das quatro linhas eu começaria dispensando Ricardo Teixeira, o presidente da CBF. Em seis Copas na sua gestão, somente duas conquistas. Aliás, bom tema para reflexão. Não podemos mais encher a boca para dizermos que somos os melhores do mundo. Da década de 70 para cá, jogamos dez mundiais e ganhamos só dois (94 e 2002), justo os do seu Teixeira. Mas esse é imexível. O sistema e os podres poderes da cartolagem brasileira não permitem sua substituição.

De resto não sobraria nem o Rodrigo Paiva, assessor de imprensa insosso, despreparado e covarde. Dunga e Jorginho seriam os primeiros a receber o bilhete azul. Ô duplinha incompetente. O preparador físico Paulo Paixão poderia ir junto pra onde quisesse. Nunca explicou convincentemente os problemas da sua área. É aí que entra o médico Luís Runco, um péssimo contador de histórias. Como a do Elano, por exemplo, vítima dos segredos da seita dungueana.

E acreditem. Sexta-feira à noite, ainda mal do estômago por causa do suco de laranja azedo ouvi, ao vivo e a cores de um ex-dirigente da CBF, a mais nova teoria da conspiração. Fomos eliminados pela Holanda porque o Brasil não poderia ser hexa campeão na África do Sul e hepta em 2014 no Brasil. O homem garantiu que estava falando sério e invocou seus conhecimentos de bastidores.

De volta pra casa, depois desta conversa que aconteceu à noite no programa "Conversas Cruzadas, da TV Com, e ainda sacudido pelas turbulências do dia, tomei um chá de camomila para poder dormir tranquilo e sonhar com a Copa brasileira em 2014. Sem sustos, sem roubalheira, cheio de otimismo e com um grande time para torcer.