domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vamos ganhar a Copa?

Quando se elogia o trabalho de Dunga com a seleção brasileita as referências são os resultados na Copa América, Copa das Confederações e a classificação antecipada para a Copa do Mundo. Justo, foi o que fez até aqui. Mas o que temos pela frente agora é um campeonato mundial, competição curta e que por isso não permite vacilos. E o peso é grande, tanto por causa da camisa vestida pelos eleitos, como pela responsabilidade que representa a Copa para um futebol sempre olhado com respeito pelo mundo da bola.

Este mesmo olhar tem sido também de incredulidade para as últimas listas de convocados. Dunga está apostando na fidelidade canina, quase servil, do que se valem alguns para garantir sua vaga no grupo que vai para a África do Sul. Só isso explica nomes como Josué, escondido no futebol alemão, Felipe Melo, eleito como o pior jogador do futebol italiano, Doni, até bem pouco reserva da Roma,
Kleberson, cheio de altos e baixos no Flamengo, Ramires, que ainda não confirmou na seleção, Júlio Batista, outro sobe e desce da Roma, e Michel Bastos, uma aposta "francesa" de última hora.

Nunca entendi a elogiada coerência de Dunga que deixa fora nomes como Rogério Ceni, Alexandre Pato, Ronaldinho (jogando de Saci é melhor que muitos), Diego Souza, Kleber, o volante Sandro e o meia Giuliano, ambos do Inter (quando havia tempo para experiência e para integrá-los ao grupo), e outros bons jogadores que existem no futebol brasileiro e mesmo na Europa, onde ele gosta tanto de convocar.

Agora Dunga chamou Carlos Eduardo e Grafite, os mais novos "alemães" da turma, repetindo surpresas que não confirmaram, como a última, um brucutu chamado Hulk, e antes o Afonso (foto CBF News) descoberto na Holanda. Até hoje Dunga não achou um lateral esquerdo. Periga lamentar a ausência do catarinense Filipe Kaminski, em quem na verdade acreditou pouco.

É uma coerência que pode ser traduzida como insegurança com um pouco de teimosia, colocadas a nu nas suas mal humoradas entrevistas. Qual das alternativas tentadas por Dunga para eventualmente ocupar vagas de algum protegido deu certo ao longo desse tempo em que está à frente da seleção? Dá a impressão, isto sim, que ele faz de propósito, para confirmar suas escolhas e teorias.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O torcedor que se exploda


Fui, voltei, saí de novo, estou aqui de volta. Em definitivo? Quem sabe? Essa vida de blogueiro que não ganha um tostão pelo que escreve é assim mesmo. Depende dos ventos que movem moinhos e alimentam a paciência e disposição para trabalhar de graça. Vamos lá.

Quero recomeçar com o futebol e a televisão. Hoje os clubes são praticamente reféns dos direitos pagos pelas emissoras donas dos contratos. É muita grana e, dependendo de quem está mandando na exclusividade das transmissões, tem jogo praticamente todos os dias e noites, nos horários mais improváveis. O torcedor que vá catar coquinhos e não reclame. No meio da semana são poucos os que conseguem suportar os madrugadões. Quem pode, além de pagar ingressos caros, enfrentar o transporte coletivo precário e a insegurança? Cadê coragem para chegar ao estádio, comer porcaria, voltar pra casa e andar pelas ruas nas perigosas madruigadas? Se o time ganhar, tudo bem, valeram o sacrifício e o despreendimento.

Resumidamente é isso. O torcedor, primeiro interessado, tem pouco ou nenhum poder de cobrança. O Estatuto do Torcedor é outra lei que não pegou. Na ótica do futebol-espetáculo e dinheiro no cofre o que importa são as tevês. As reclamações são de quem perdeu os direitos de transmissão, como acontece agora em Santa Catarina. A rede derrotada chora as pitangas e critica os horários e tabelas esfaceladas. No Rio Grande do Sul os dirigentes do Internacional estavam achando tudo muito interessante e só resolveram abrir o bico quando se deram conta do acúmulo de jogos do Gauchão e Libertadores.

A inflexibilidade determinada pelas grades de programação criou um atrito com a Federação Gaúcha e uma choradeira sem futuro. Assinaram um contrato de olho apenas nos cofres, agora aguentem. Como acontece em Santa Catarina, com a diferença que por aqui ninguém reclama. E ainda entra ano, sai ano, com os clubes dizendo amém a uma cartilha que vai completar um quarto de século de desmandos no futebol catarinense. Plim plim.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Mentiras ou meias verdades

Sempre me incomodei com a maneira de trabalhar de certos companheiros de profissão na área esportiva, embora a referência seja válida para qualquer setor do jornalismo. Não perguntam, bajulam, não questionam, sacodem a cabeça como vacas de presépio. Dão muita importância às versões oficiais, passam ao largo de determinados assuntos, exatamente aqueles que causam certo incômodo às fontes, principalmente quando estão frente a frente com um dirigente. O poder, ainda que efêmero e insignificante, os assombra e atemoriza. O resultado é o leitor- ouvinte- telespectador desinformado, enganado, e chefetes mais realistas que o Rei plenamente satisfeitos com a grande mentira ou as meias verdades que ajudam a produzir.

Volta e meia escrevo sobre isso. Já assuntei também sobre os treinadores mal humorados. Volto ao assunto, mesmo correndo o risco da repetição, graças ao que escreveu oportunamente esta semana o paulista Cosme Rímoli no seu blog e que reproduzo abaixo:

“Jorge Fossati comprou briga com quem não poderia.

O treinador uruguaio se irritou com uma pergunta banal e abandonou a coletiva do Internacional.

Ele foi brincar com fogo.

A imprensa gaúcha é séria e ranzinza.

Parece a paulista.

Com a grande diferença que não tolera desaforos.

Em São Paulo por causa da enorme concorrência na mídia, provocações, respostas atravessadas até abusos são tolerados.

Um grande exemplo foi Leão que cansou de fazer rodízio.

Humilhava cada dia um jornalista.

E contava com a covarde conivência dos outros que riam do repórter embaraçado.

A carreira de Leão nos grandes clubes acabou.

Mas ainda existem outros.

Muricy acredita que virou sua marca registrada ser grosso.

Dá Ibope nos jornais esportivos da tevê.

E é sempre seco quando o assunto não lhe interessa.

Por exemplo, a endividada diretoria palmeirense que precisa buscar como reforços jogadores que estavam há quase um ano parados, como Lincoln.

Ou então Luxemburgo que geralmente escolhe um garoto recém saído da universidade ou um repórter interiorano para desabafar toda a sua irritação.

A grosseria, má educação, prepotência é diluída nas Capitais com mais de dois clubes grandes.

Em Porto Alegre não.

Ou você é Inter.

Ou é Grêmio.

Inclusive repórteres.

E o mais interessante é que os jornalistas ficam mais agressivos quando cobrem as equipes que gostam.

Treinadores que tentam humilhar repórteres impreterivelmente não se dão bem.

Em Porto Alegre há uma linha de conduta.

A imprensa é mais unida.

Jorge Fossati se irritou à toa.

Mas nunca poderia ter abandonado a coletiva.

Haverá retaliação.

Uma bobagem como esta reflete mais tarde.

Quando a equipe está na fase decisiva, lutando por um título.

Em Porto Alegre, os jornalistas esportivos têm vida própria.

E seus veículos de comunicação costumam comprar a briga.

Não baixam a cabeça com quem quer que seja.

Peleiam.

Não são meros marionetes como nos grandes centros do País.

Onde o importante para a tevê, rádio e jornal o que vale é ter a palavra de quem é importante.

Repórter é descartável.

Como um aparelho de barbear usado.

O que interessa é vender.

A irritação do treinador do Inter é injustificável.

Sua campanha é impecável, o time ainda não perdeu sob o seu comando.

Ele acabou de ganhar o Grenal.

Fossati comprou briga com quem não poderia.

É esperar para ver…"

Acrescento: como mudou esse Fossati, hoje treinador do Inter e que conhecemos aqui como goleiro campeão pelo Avaí em 1988.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Estádios? Nem sei mais por onde se entra


Admiro torcedores que ainda arranjam força e entusiasmo para freqüentar estádios. São uns heróis. Não aqueles que enchem a cara para arrumar coragem e confusão, mas os que gostam do futebol e dos seus clubes. Simples assim.

Já perdi o ânimo para enfrentar engarrafamentos, falta de segurança, truculência de policiais mal preparados, risco de carro arrombado, banheiros imundos, desrespeito de assessores de imprensa cheirando a fralda mijada, locais de trabalho com mesas e cadeiras quebradas, torcedor bêbado invadindo cabines e cobrando elogios ao seu time. Ou aquele da arquibancada mesmo que gosta de interpelar jornalistas com idêntico propósito. E as comidinhas, verdadeiros passaportes pro inferno? Deus me livre. Campo de futebol hoje só por obrigação profissional. Prefiro a pipoca, a segurança e o conforto da minha casa em fente a tv.

E olhem que escrevo de barriga cheia. Quem vive em Florianópolis tem situação um pouco diferenciada.Um pouco, eu disse. Ainda se confunde mordomia e privilégio para alguns, rádios, principalmente, com a necessidade de oferecer condições de trabalho para qualquer profissional a serviço que pise no seu estádio. Salgadinhos, café e refrigerantes não substituem linhas de transmissão, acesso à internet ou uma prosaica bancada onde se possa escrever ou colocar um lap top.

A Federação faz vistorias que não ultrapassam as quatro linhas do gramado, invariavelmente sem a presença de um jornalista para defender as nossas cores. Quando aparece um, trabalha para o outro lado, pressionado pelo comprometimento de uma relação que prefiro nem comentar. E salve o pay per view.