segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Eleição e futebol

Tem coisa mais sem graça hoje do que ser eleitor ou torcedor? Não tem. Vivemos na democracia, mas sob o tacão da lei do não pode. Na eleição proibiram muita coisa aos eleitores e aos candidatos. Os debates não têm debates. Não pode boca de urna, bandeiras só até a véspera, falar mal do adversário só em ocasiões especiais, a mídia pisa em ovos, medindo segundos na televisão e no rádio, centímetros em jornais. Tem que ser dois pra lá, dois pra cá, se não o TRE ferra. Tudo em nome de um equilíbrio de condições. Ridículo e hipócrita é o mínimo. A Lei Falcão era mais sincera. O torcedor em Santa Catarina passa pelo mesmo aperto e constrangimento das proibições. Em nome da segurança as arquibancadas e proximidades dos estádios viraram templos descoloridos de meditação e pureza. Vibração agora somente em shows do padre Marcelo. As torcidas aos poucos vão perdendo o embalo, despindo de cor e emoção as rivalidades tão importantes para um jogo de futebol como eram os comícios em época de eleição. Daqui a pouco a PM precisará saber até a cor da cueca do torcedor visitante. Se for parecida com a camisa do seu clube, tira e pega na saída. Bandeiras entram, mas sem mastro. Cervejinha só a quilômetros de distância. Se o jogo for em Florianópolis pode beber lá em São José, e vice-versa. Desse jeito é mais honesto o fim do voto obrigatório e proibição total de torcida nas arquibancadas. Usemos a eletrônica em nome do equilíbrio e da segurança: acabem com as seções eleitorais e quem quiser que vote pelo celular ou outros métodos que a modernidade criar. E o torcedor que fique em casa vendo jogos pela tevê. Assim os tribunais regionais eleitorais, ministério público, polícia militar, federações de futebol e associações de clubes viverão tranqüilos e felizes para sempre. E com muitos e bons motivos para comemorar o fim da emoção nas urnas e arquibancadas.

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