sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Asas à imaginação

Preparem a Branca de Neve e os seis anões para a recepção ao sétimo, que qualquer dia destes estará em Florianópolis para uma visita à Ressacada e, quem sabe, assistir a um jogo do Avaí. O rebuliço já é grande por causa da vinda de Dunga. Imagino no dia em que o técnico da seleção brasileira pisar em solo catarinense. Tudo isso é normal. O que me espanta é a expectativa de alguns setores da mídia, acreditando que Dunga poderá observar jogadores avaianos. Quem, cara pálida, do atual elenco, mereceria uma convocação? Sinceramente, esse time do Avaí cumpre com louvor seu papel na série B do Brasileirão. Daí a sonhar com alguém vestindo a camisa da seleção vai uma distância muito grande. Deixem a CBF fazer a mediazinha dela com seus afiliados e afilhados políticos – presidentes de Federação -, mas não entrem nessa viagem. É jeca demais para o meu gosto.

A Copa do apagão é nossa

Apagão para deixar meia cidade às escuras durante três dias, apagão moral, apagão ético, apagão técnico no time do Figueirense, tudo isso o morador de Florianópolis já viu. Faltava o apagão mental que acometeu um engenheiro da Celesc na explicação que deu para a falta de luz no Orlando Scarpelli. Disse ele que a culpa foi das fitinhas utilizadas pelos torcedores para saudar a entrada do time em campo e que, levadas pelo vento, atingiram alguns fios próximos ao estádio, provocando curto circuíto e desativação do sistema. O episódio é ridículo, como são as seguidas explicações da Celesc e tende a se repetir em outras situações, como tem acontecido com freqüência em Floripa. É uma temeridade, não só pela temporada que se aproxima, mas pela candidatura pretendida pela Capital a uma das sedes da Copa de 2014. É muito apagão para uma cidade só.

É proibido fumar

Durante a confusão por causa da falta de luz no Orlando Scarpelli, o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, apareceu no meio de atletas, dirigentes e arbitragem baforando um grosso charuto. Enquanto conversava animadamente com os que o cercavam, espalhava o fumacê provavelmente cubano pelo gramado e redondezas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pergunte ao prefeito

Gostaria de, como eleitor e cidadão, ter a chance de fazer uma pergunta aos prefeitos eleitos por toda Santa Catarina. Uminha só, olho no olho: Prefeito, o senhor já sabe que promessas não poderá cumprir? Fico imaginando – só na imaginação, claro – o ilustre alcaide acometido de um ataque de sinceridade respondendo tintim por tintim a constrangedora indagação. Digamos que a campanha tenha rendido, modestamente, cerca de dez promessas. O leitor calcula que percentual os eleitos poderiam – ou deveriam –atender? Vamos ser generosos e pensar em factíveis 50 por cento. Bom demais. A outra metade então caberia nas justificativas que nós, eleitores crédulos e otimistas, ouviríamos com respeitosa atenção. No caso de Florianópolis, acredito que o assunto-promessa transporte marítimo continua imbatível. Menos mal que o alemão Dário não embarcou no teleférico do Nildão, caso contrário era mais uma pra lista. E a saúde, educação, transporte coletivo? Nossa, quanta promessa boa de não cumprir está embutida nestes temas. Esporte, áreas de lazer como parques e outros equipamentos? Ora isso não vale nenhum tipo de comprometimento com a população. É bobagem, tanto que nem constou de qualquer manifestação dos candidatos. E pra encerrar esse papo que já ficou comprido demais, uma boa justificativa para promessas não cumpridas pode vir da comissão que estuda o orçamento para a futura administração de Floripa: o chefe, “Il Capo di Tutti Capi” nesta operação chama-se Juarez Silveira. O da moeda verde, lembram?

Um elefante alvinegro

Um estádio moderno, que custou R$ 380 milhões, utilizado recentemente para os Jogos Pan-Americanos, segundo a CBF não tem condições para abrigar o clássico entre Botafogo (mandante) e Flamengo pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro. Vai ser no Maracanã. Há quem diga que esse é mais um dos fortes indícios sobre a necessidade de “fazer” o Flamengo campeão brasileiro de 2008, lembrando que ano passado já foi um escândalo a mudança de tabela com adiamento de partidas para que o clube pudesse recuperar e contratar alguns jogadores. É um episódio emblemático por tudo que o envolve. Esta praça esportiva vetada pelo Rei Ricardo e sua corte e que é a casa do Botafogo, serviu de palco para o confronto contra o São Paulo ontem à noite e tem sido utilizada em todos os jogos do Campeonato Brasileiro. Vale dizer que a administração do estádio depois do Pan passou para o sem teto Botafogo que, lógico, aceitou a incumbência. Isso se deu porque as autoridades estaduais decidiram não encarar os compromissos assumidos com um equipamento esportivo daquele porte, que custou os olhos da cara, financiado com recursos dos nossos impostos, e que acabou enjeitado pelos gestores públicos. Cada vez que assuntos como esse vêm à tona a gente lembra o relatório do Tribunal de Contas da União sobre os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro e que permanece misteriosamente retido em algum gabinete na capital federal.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Dunga e Dieguito

A Associação de Futebol da Argentina (AFA) arrumou uma boa encrenca com o torcedor ao confirmar Diego Armando Maradona como técnico da seleção. É uma aposta de risco. Claro que os cartolas tiveram o cuidado de formar uma comissão técnica que tem Carlos Bilardo, campeão do mundo pela Argentina em 1986. Surpresa e desconfiança estão juntas nas primeiras avaliações da mídia e da arquibancada. Para consolo de Dunga que agora passa a dividir críticas com um vizinho igualmente sem experiência como treinador.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Os senhores dos anéis"

Em tempo de aspirações brasileiras a sedes de Copa do Mundo e Olimpíada, e após a realização no país dos Jogos Pan-Americanos, é bom ler o texto que fui buscar no blog do Juka Kfouri, um dos poucos jornalistas da nossa mídia que marca em cima e denuncia as intermináveis travessuras da cartolagem, seja no futebol ou no esporte amador, que hoje de amador não tem mais nada.

Por LINO CASTELLANI FILHO

Do "Observatório do Esporte"

No COB, seu atual mandatário já tem assegurado o mando até 2012, quando completará 17 anos na sua presidência.
O presidente da CBA já está no poder a 21 anos, o mesmo número de anos do presidente da confederação de Taekwondo.
Na CBDA são 20 anos.
No boxe, 11.
Lá fora também é assim.
Pergunto: e daí?
Na "pátria das chuteiras" o presidente da CBF não sai de lá até 2014, quando o Brasil (?) sediará a Copa do Mundo.

A comissão por ele composta para "coordenar" os procedimentos organizacionais da competição nos faz de tolos, assim como os editais que se avolumam em sucessivas edições do "Diário Oficial" fazendo alusão aos recursos públicos liberados pelo Ministério do Esporte por conta da candidatura (só dela!) do Brasil (?) à sede das Olimpíadas de 2016, enquanto aguardamos as respostas aos pareceres do TCU acerca dos gastos do PAN/2007.

Tudo isso nos fez lembrar das palavras ditas, logo na introdução, pelos autores do já clássico "Os senhores dos anéis" (The Lord of the Rings, VyvSimson e Andrew Jennings, 1992).
Não da trilogia sucesso das bilheterias dos cinemas, mas sim a que faz referência a uma dura realidade, por mais que pareça, tal qual a primeira, obra de ficção, e que trás como subtítulo "Poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas Modernas":A elas:"Para nossa surpresa, nos deparamos com a investigação mais difícil de nossas vidas. Nos últimos anos escrevemos e fizemos documentários para a televisão sobre a Máfia, o caso Irã-Contras, o terrorismo, a corrupção na Scotland Yard e outras áreas sombrias da vida pública.O mundo do esporte amador olímpico provou ser o mais difícil de penetrar. Jamais encontramos tantas dificuldades em conseguir entrevistas autorizadas, documentos e fontes primárias...".

No dito popular, vão-se os anéis, ficam os dedos.

Se não tomarmos cuidado nem eles sobrarão!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Eleição e futebol

Tem coisa mais sem graça hoje do que ser eleitor ou torcedor? Não tem. Vivemos na democracia, mas sob o tacão da lei do não pode. Na eleição proibiram muita coisa aos eleitores e aos candidatos. Os debates não têm debates. Não pode boca de urna, bandeiras só até a véspera, falar mal do adversário só em ocasiões especiais, a mídia pisa em ovos, medindo segundos na televisão e no rádio, centímetros em jornais. Tem que ser dois pra lá, dois pra cá, se não o TRE ferra. Tudo em nome de um equilíbrio de condições. Ridículo e hipócrita é o mínimo. A Lei Falcão era mais sincera. O torcedor em Santa Catarina passa pelo mesmo aperto e constrangimento das proibições. Em nome da segurança as arquibancadas e proximidades dos estádios viraram templos descoloridos de meditação e pureza. Vibração agora somente em shows do padre Marcelo. As torcidas aos poucos vão perdendo o embalo, despindo de cor e emoção as rivalidades tão importantes para um jogo de futebol como eram os comícios em época de eleição. Daqui a pouco a PM precisará saber até a cor da cueca do torcedor visitante. Se for parecida com a camisa do seu clube, tira e pega na saída. Bandeiras entram, mas sem mastro. Cervejinha só a quilômetros de distância. Se o jogo for em Florianópolis pode beber lá em São José, e vice-versa. Desse jeito é mais honesto o fim do voto obrigatório e proibição total de torcida nas arquibancadas. Usemos a eletrônica em nome do equilíbrio e da segurança: acabem com as seções eleitorais e quem quiser que vote pelo celular ou outros métodos que a modernidade criar. E o torcedor que fique em casa vendo jogos pela tevê. Assim os tribunais regionais eleitorais, ministério público, polícia militar, federações de futebol e associações de clubes viverão tranqüilos e felizes para sempre. E com muitos e bons motivos para comemorar o fim da emoção nas urnas e arquibancadas.

Goleadas históricas

O PT nasceu em São Paulo e, grosso modo, se criou no Rio Grande do Sul, justo onde acaba de sofrer as maiores derrotas de sua historia em eleições municipais. Marta Suplicy na capital paulista e Maria do Rosário, em Porto Alegre, foram responsáveis pelos grandes fracassos eleitorais petistas em 2008. Um mico nas urnas e uma grande goleada de votos que os petistas não imaginavam acontecer, confiando no favoritismo em um caso, equilíbrio no outro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Pra que serve o esporte

O percurso do fogo simbólico dos Jogos Abertos começa dia 27, passando pelas 36 secretarias regionais até chegar às quatro sedes do evento que será disputado a partir de 13 de novembro em Pomerode, Timbó, Indaial e Rio dos Cedros. É o escracho do aproveitamento do esporte por políticos, nada mais. Apoio que é bom não merece a atenção da classe política capaz, isto sim, de acabar com o pouco que existe, como ocorreu com a Fundação Municipal de Esporte de Florianópolis e outras instituições similares de vários municípios catarinenses.

Lembrete ao Prefeito de Floripa

Tomara que o prefeito de Florianópolis, ao comemorar no final deste domingo o resultado das urnas, não esqueça de uma das maiores prioridades da Capital, mote inclusive para muitas promessas e discussões na campanha eleitoral. Estou falando dos acessos ao sul da Ilha e ao aeroporto Hercílio Luz, até hoje uma obra inconclusa e razão de grandes transtornos para a população. Sofrem os que chegam, quem precisa viajar, quem procura as praias do sul e quem, nestes dez bicudos anos avaianos, fez o trajeto para o estádio da Ressacada. A diretoria do Avaí, prestes a sentir os ares e compromissos mais sérios da divisão de elite do futebol brasileiro, quer 12 mil torcedores no jogo desta noite de sábado contra o Marília. Seria bom que Dário e Amin – esse já conhece o difícil caminho da roça – experimentassem chegar à Ressacada perto da hora da partida.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Manobra dissimuladora

Ganha corpo no Figueirense a idéia de que o clube deve trabalhar forte junto à CBF a questão das arbitragens para as últimas rodadas. Entendo isso como uma conveniente inversão de atenções, coisa típica de quem não teve o cuidado necessário na preparação para um campeonato tão longo e difícil como o nosso Brasileirão. Com a água próxima do queixo e a torcida impaciente é hora de tapar o sol com a peneira ou arrumar uma boa e espessa cortina de fumaça capaz de encobrir os verdadeiros motivos para o fracasso na temporada.

Falcão por Falcão

Saudei o final do Mundial de Futsal sem nenhum incidente que pudesse, como dizem os mais prolixos, empanar o brilho da competição. Desinformação minha. À noite, ao assistir os programas esportivos, tomei conhecimento da agressão de Falcão a um jogador espanhol, e sua corrida para se proteger atrás de uma fila de torcedores. Como é mesmo que se chama isso? O incidente por si só explica Falcão, atleta consagrado por sua qualidade técnica, mas sempre contestado por atitudes nada condizentes com um ícone do esporte. Como são muitos os envolvimentos de Falcão com jogadores e torcida adversária, confirma-se a suspeita de que ele sempre foi um ídolo de pés de barro.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mesa de bar

Noite dessas fui a um bar tradicional de Florianópolis, um dos poucos que sobreviveu às pizzarias e aos bufês a quilo. Ali encontrei muita gente em torno de uma mesa dividida entre jornalistas, sindicalistas, professores aposentados, desempregados, blogueiros, entre outros desgarrados. Uma das figuras me chamou a atenção, dedicado unicamente ao seu computador portátil, sem se incomodar com a gritaria em volta, o vai e vem de copos e garrafas. Conheço o personagem de longa data e só ouvi dele quando cheguei, como cumprimento, algumas frases desconexas, gritadas no meio daquela barulheira. O pouco que pude entender tinha a ver com a disputa entre Dário e Amin, assunto predominante naquele canto do bar. Fui para outra mesa, atendendo outros interesses, mas de lá não tirei o olho do cara, obcecado como criança manipulando um brinquedo novo. Fiquei preocupado com o seu estupor, olhos fixos na tela, dedilhando um texto interminável. Não tomou um copo, não comeu nada, não conversou com ninguém durante cerca de duas horas. Lá pelas tantas o pessoal começou a circular, e ele sozinho, sem dar bola para o que se passava em volta. Só queria escrever, escrever e escrever. Na saída consultei um ex-companheiro de redação dos tempos da brilhantina e comentei sobre aquela esquisitice do amigo comum. “E o pior é que o Amin acredita que ele vai ajudá-lo a ganhar a eleição”, ouvi como resposta.

domingo, 19 de outubro de 2008

Os fantasmas do Mário

Mário Sérgio viu má fé na atuação do árbitro Sérgio Carvalho no empate do Figueirense com o Ipatinga. Foi um péssimo resultado para o seu time e Mário conseguiu fazer elucubrações fantásticas para chegar à conclusão que Carvalho, que é Distrito Federal, tinha interesse em prejudicar o Figueirense para beneficiar clubes cariocas que estão na zona de rebaixamento. Isso é o que se chama de imaginação fértil.

Craque pornô

Eva Roob, 23 anos, decidiu trocar definitivamente de nome e profissão. Vai se chamar Samira Summer, nome que passará a usar como atriz do cinema pornográfico alemão. Eva, ou Samira, decidiu abandonar o Nuremberg, da segunda divisão alemã, por causa dos baixos salários e ao estresse a que estava submetida acumulando profissões. Terminava de gravar às 5 da manhã e às 10 horas já estava em campo para treinar. Isso aconteceu na Alemanha, país das campeãs mundiais e de salários bem mais altos que no Brasil. Com o que se paga por aqui vai faltar filme para tantas ex-jogadoras.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O esporte que se lixe

Falar em esporte na campanha eleitoral parece desmerecer os candidatos. Sinto isso desde os embates do primeiro turno. Em Florianópolis Dário Berger e Esperidião Amin não apresentaram nada concretamente, como mostrou o debate da quinta-feira. A não ser quando cobrados por rara intervenção de algum eleitor comprometido com o assunto, nesse tempo todo de campanha nada de novo apareceu pela boca dos candidatos. Os programas, tanto de Dário como de Amin, ignoram o esporte completamente. Levando em conta o que o atual prefeito, licenciado para a campanha, fez com a Fundação Municipal de Esportes, só poderemos esperar pelo pior. Além de colocar lá um ex-atleta do voleibol, olímpico nas suas conquistas, mas zero à esquerda na administração da FME, Dário acabou com o pouco que tinha aquela instituição. Esperidião Amin não sei se vai fazer muito caso eleito. Tanto o alemão como o turco, me permitam a intimidade, estarão mais preocupados em acomodar aliados de ocasião, o que vai dar naquilo que tem acontecido nos últimos governos estaduais graças ao irresponsável loteamento de cargos. Pior toda a vida para o esporte, sempre encarado como tema menor, e que acaba parando na mão de incompetentes, de gente que não tem nenhum comprometimento com o segmento em todas as suas variantes.

Vexame internacional

O Mundial de Futsal está chegando ao fim como começou, carregado daquelas impurezas que vivem contaminando a modalidade, tais como escores absurdos, baixo nível técnico e times inteiros legalizados a base da naturalização. Tudo isso sob a tutela da FIFA e em paralelo à permanente campanha para sua transformação em esporte olímpico. O real é que o futsal não toma jeito, não mostra a seriedade necessária para atingir seu maior objetivo. A semifinal entre Espanha e Itália foi mais um episódio a lamentar neste evento. Um árbitro de Cuba e outro do Panamá, representantes de países que sequer têm uma liga, mudaram irregularmente o resultado final do jogo e decretaram a eliminação italiana. A competição ainda não terminou, falta a final entre Brasil e Espanha e estamos na expectativa, claro, de um título brasileiro. Tudo de acordo com as leis do esporte para que o vexame não aumente de tamanho.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Burro, burro, burro...

O Brasil entrou em campo para enfrentar a Colômbia, no Maracanã, com três volantes. E nosso temido adversário estava desfalcado de três titulares. Mas Dunga fez mais. Escalou o zagueiro Juan sem condições totais de jogo, tanto que acabou queimando a terceira substituição no segundo tempo. Elano passou o jogo cobrando escanteios quando o time dispunha de gente mais habilidosa para tal. E as substituições? Deixou Alex no banco para insistir com o trio casca grossa e ainda por cima, na hora da troca, tirou Elano, o mais técnico dos três. Colocou Alexandre Pato para se juntar ao desassistido Jô, entregue isolado à marcação da zaga adversária. Com o meio campo pedindo um armador de ofício, Dunga tirou Mancini da cartola. Essa, digamos, ausência de inteligência do treinador, criou um monstrengo chamado de time que por sinal não fez nenhum treino tático antes da partida contra a Colômbia. Dunga limitou-se a “orientar” uma brincadeira inoportuna e de mau gosto no gramado do Maracanã. Mais de 50 mil torcedores vaiaram, xingaram e deram adeus mais uma vez ao Dunga, técnico de um time que não faz gols em casa há 270 minutos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Anarquia oficial

Os dirigentes da Federação Catarinense de Futebol não se dão ao respeito e trabalham para desmoralizar o seu melhor produto. É a única leitura que se pode fazer com o desenvolvimento dos campeonatos das divisões inferiores, chamadas de acesso ou outro apelido qualquer. É estarrecedor ver, a cada ano, times sem a mínima condição de enfrentar uma competição profissional participando dos eventos da FCF. O resultado é uma verdadeira caravana da miséria, esmolando até para pagar transporte e alimentação de seus times, terminando com o abandono do campeonato. Felizmente para a Federação e seu presidente Delfim a grande mídia anda ocupada demais com Avaí, Figueirense e Criciúma, futebol carioca e paulista, sem fazer o mínimo registro sobre essa bagunça oficializada justamente pela instituição que deveria zelar pela boa organização de suas competições e respeito aos seus filiados. Sem contar outros comprometimentos que impedem uma análise séria e isenta das atividades da Federação.

Lições não assimiladas

A festa antecipada nunca fez bem ao futebol brasileiro. Basta lembrar dois significativos acontecimentos de conseqüências trágicas para a seleção, como as Copas de 1950, no Maracanã, e a de 2006 na Alemanha, quando o favoritismo escancarado e a festa antes da hora derrubaram o Brasil. Eventos menores seguem mostrando que a turma da CBF não aprende. Na terça-feira Kaká e Robinho foram tirados da concentração para homenagens no Maracanã, um colocando os pés na calçada da fama, o outro brindado com uma seqüência de fotos dos dribles que deu contra uma atarantada e ingênua defesa equatoriana. Recentemente a seleção brasileira foi ao Chile, ganhou bem, voltou cantada em prosa e verso, mas na sequência sofreu para garantir um zero a zero contra a Bolívia. Escrevo sem saber o resultado da quarta à noite contra a Colômbia, mas o episódio de agora, precedido de uma festejada vitória sobre a Venezuela, é parecido com tantos outros acima referidos. E nós da mídia também temos parcela de responsabilidade neste ufanismo e análises de ocasião.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Venezuelanas

A FIFA e a Conmebol, sempre tão zelosas de suas leis, parece que não dão a mínima para a eliminatória sul-americana, ignorando as condições de certos estádios e manobras anti-desportivas de alguns mandantes. É o que se pode entender desta aventura brasileira na Venezuela onde, apesar de todos os obstáculos, nossa seleção conseguiu um resultado expressivo. Foram trajetos em duas etapas de avião com pousos em aeroportos com limitações, longos traslados de ônibus na ida e na volta, incluindo passagens por zonas dominadas pela Asfarc. Houve ainda problemas com alimentação e treino de reconhecimento boicotado pela administração do estádio, tudo combinado para causar o maior transtorno possível à seleção brasileira. A volta em grande estilo de Kaká e a inspiração de Robinho, quebraram as chaves que a Venezuela imaginou ter encontrado para abrir o caminho de uma improvável vitória sobre o Brasil.

A hora é essa

Insisto no tema porque me parece evidente. A classificação do Brasil está logo ali, apesar de faltarem ainda oito jogos para o final desta eliminatória. Então acho que está na hora de o Dunga dar chance aos novos para testar de uma vez recém convocados como o meia Alex, o centro avante Jô, o ala Mancini e uma nova zaga com o aproveitamento de Thiago Silva. Já sabemos o quanto pode o time atual, o que rendem os velhinhos Kleber, Josué, Elano e Gilberto Silva, quem é Adriano, quem são Robinho, Kaká e os ausentes de ocasião, como o Luís Fabiano. A Colômbia é o próximo adversário e jogaremos em casa. Melhor oportunidade que essa para se pensar em caras novas, impossível. Deixemos o ufanismo de lado e aproveitemos a oportunidade para começar a necessária renovação. Mas aí, cadê coragem?

O Mundial da lambança

A turma do futsal não tem muito do que se orgulhar com este Mundial com sedes no Rio e em Brasília. O nível técnico risível é retratado em jogos com escore de basquete. A Itália vai roubando a festa, primeiro com aquela derrota programada para o Paraguai visando escolher adversários a serem enfrentados por um time de “brasilianos”. Como aconteceu domingo, no jogo contra o Brasil, com direito a pancadaria e os brasileiros da Itália com a mão no peito cantando o hino “deles”. Uma farsa, uma comédia, um desperdício de tempo e de recursos que poderiam ter aplicação muito mais decente no esporte.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Mulheres de Atenas

Li esta semana que a diretoria da CBF (leia-se Rei Ricardo) está discutindo a premiação dos homens pela classificação nessa eliminatória para a Copa. Quando interpelado sobre uma compensação financeira para nosso time feminino medalhista na última Olimpíada, Ricardo, o Grande, não titubeia na resposta: “a medalha foi o prêmio conquistado pelas mulheres”. Ou seja, a seleção feminina não vai ver a cor da premiação em dinheiro, como Ricardo Teixeira entende seja justa a dos homens com estas apresentações forrecas diante de adversários mais forrecos ainda.
"(...)Se um homem se colocar, sem truques de encenação, no papel de uma mulher e se uma mulher se colocar no papel de um homem, será mais fácil distinguir as diferenças naturais e inultrapassáveis, mas será também inevitável descobrir-se que ambos são pessoas e, neste conceito, iguais. Lisístra e outras mulheres em Atenas, quando tentavam tomar a Acrópole. (Ou à Marta o que é de Marta e de suas companheiras de seleção)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

As entrevistas dos boleiros

Texto do jornalista gaúcho Luiz Pilla Vares, que morreu esta madrugada em Porto Alegre. Apaixonado por futebol, formado em direito, estudioso de política e filosofia, foi militante do PCB, Secretário de Cultura do município na gestão do prefeito Tarso Genro e do Estado no governo Olívio Dutra.
"Não existe coisa mais chata em rádio e televisão do que entrevistas com jogadores de futebol. Nos jornais impressos ainda dá para agüentar porque, quando tem talento, o repórter sabe organizar o texto e vez por outra transformar a entrevista em uma leitura até agradável. Mas quando é com o microfone fica uma coisa lamentável. São sempre as mesmas obviedades, as mesmices, as monótonas repetições de termos e expressões, a tal ponto que os mais diversos jogadores parecem um só.
É, sim, uma indigência cultural de doer. O mais mauricinho dos nossos craques, o Kaká, do Milan, não escapa disso. E, na maioria das vezes, os entrevistados são jovens ricos, todos eles muito acima do nível de vida do povo dos quais eles são originários. Mas não se pode culpá-los. Os meios de comunicação também se renderam à mesmice e às obviedades. Fazem sempre as mesmas perguntas e, é claro, ouvem invariavelmente as mesmas respostas.
É preciso levar em conta que esses jovens jogadores de futebol têm uma baixa escolaridade e os estudos não fazem parte de seus projetos de vida. Por isso acredito que os meios de comunicação devem repensar o tipo de entrevistas que fazem com os jogadores: apelar para a criatividade, buscar a autenticidade e a singularidade de cada um dos boleiros, enfim, mudar o tipo de entrevista, procurar fazê-los falar de uma forma irrepetível, se é que as entrevistas com os jogadores são imprescindíveis.
Para mim, elas só servem para "encher lingüiça" antes das partidas começarem — o que, para quem adora futebol como é o meu caso, é o que interessa. Também penso que as direções dos clubes deveriam ter mais preocupações nesse sentido. Não simplesmente paparicar esses jovens deslumbrados com a riqueza que chegou de um dia para o outro, mas realizar programas com eles, levando-os a pensar sobre a vida, sobre a importância de um mínimo de nível cultural e que suas trajetórias não podem se limitar à bola (ainda que esta seja o principal objetivo de suas profissões) e mostrar, com exemplos concretos e individuais, que um jogador de futebol pode, também, ser um cidadão articulado, como Falcão, Sócrates e Tostão. Quero deixar bem claro que nunca me ocorreu a bobagem de pretender transformar um boleiro num Sartre. O grande intelectual fica bem na arquibancada. Que eu saiba o único que tentou jogar foi Albert Camus. E nem sei se ele era bom de bola."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Esporte e infidelidade

O esporte nem sempre é garantia de sucesso nas urnas e fidelidade do torcedor, como aconteceu agora com Ademir da Guia, Vladmir e o mineiro Reinaldo, rejeitados por eleitores descontentes com quem tentava a reeleição, ou desconfiados com aqueles que buscavam o primeiro mandato. Foi assim em Florianópolis com o dirigente esportivo Aluísio Machado, o Alú, e os ex-árbitros Osvaldo Meira Júnior e Clézio Moreira dos Santos, o Margarida. Túlio Maravilha e Tarcísio, ex-ponteiro gremista, foram eleitos em Goiânia e Porto Alegre. Só que, antes mesmo de assumir, Túlio já acena com infidelidade aos seus eleitores, aceitando a possibilidade de renunciar caso seja contratado em 2009 por um clube de outra cidade.

Esporte contaminado

Custou mas aconteceu. O Mundial de Futsal com sedes em Brasília e no Rio de Janeiro acaba de ser manchado pelo comportamento dos italianos – na verdade brasileiros – que jogaram para perder do Paraguai para fugir do Brasil nas semifinais. De quebra o resultado acabou eliminando Portugal, que não tinha nada a ver com a preocupação da Itália. Goleadas absurdas e times fortes como Espanha e Itália formados por brasileiros naturalizados já desenhavam a caricatura de uma grande competição internacional e de uma modalidade que luta para ser olímpica. A “macarronada” italiana era o prato que faltava nesse cardápio espúrio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

RBS x RICRECORD

Pode parar na justiça a pendenga entre Federação Catarinense de Futebol, Associação de Clubes e Rede Record pelos direitos de transmissão do Campeonato Catarinense de 2009. A Record ainda tem um ano de contrato, mas Federação e clubes querem a RBS transmitindo o campeonato. Para isso será necessário assinar um destrato com a atual detentora dos direitos de transmissão, além do pagamento de multa em caso de rescisão. A rede gaúcha preferiu o silêncio até que o assunto esteja completamente resolvido, enquanto a Record continua noticiando no seu site que vai transmitir o Catarinense, reforçando a divulgação através de anúncios nas páginas esportivas do jornal Notícias do Dia. Pesa contra a Record a qualidade das transmissões do campeonato deste ano, segundo alegam Federação e representantes dos clubes.

Sede da Copa vai para Manaus

Quem garante é o radialista Valter Souza, hoje na Assembléia Legislativa cuidando da TV AL. Falei com ele no final da manhã de ontem, no seu local de trabalho, quando lembrou de uma conversa que tivemos no dia da palestra do Juca Kfouri. Valter não revela sua fonte, mas fala com a convicção de quem está diante do fato consumado: Florianópolis garante ele, perdeu para Manaus a vaga de sede para a Copa de 2014.

Eleição clandestina

No sábado, véspera das eleições municipais, achei um esclarecedor texto no blog do Juca Kfouri, onde ele confere medalha de lata para o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, reeleito há pouco em processo conhecido como "eleição clandestina".
"CARLOS NUZMAN chegou ao paraíso. Atingiu aquele ponto que só a pessoa sem nenhum problema de consciência, ou com todos, alcança: dane-se o que vão dizer de mim. O que tem a consciência tranqüila sabe que nada pode feri-lo. O que perdeu a vergonha na cara não está nem aí mais para coisa alguma, só quer desfrutar, pensem o que pensarem as pessoas, a opinião pública, o país.A velhacaria de se realizar uma eleição clandestina para mais uma reeleição dá a medida da desfaçatez, do absoluto desprezo pela imagem, até então objeto de preocupação, fosse pelo exagero no uso de perfume, fosse pelo tique nervoso de quem queria aprovação. Inesquecível, por exemplo, um encontro do cartola com este colunista, em 1995, quando alguém maliciosamente soprou em seus ouvidos que a revista "Placar" preparava uma reportagem contra ele. Eis que, sem agendar, ele surgiu suado em minha sala para de lá sair em paz, ao ouvir que seria o primeiro a saber se fosse verdade, porque evidentemente seria procurado para dar sua versão. Pois hoje em dia nem isso. Não se envergonha ao ver a vil manobra exposta na primeira página do principal jornal da cidade onde mora, ele que preferiu usar jornais menores para publicar o edital da convocação de sua clandestina reeleição, em desobediência ao estatuto da entidade que preside. A Nuzman bastam as excelentes relações que mantém com o governo federal, seja na figura do ministro do Esporte, mais um que achou para carregar suas malas -a exemplo do cordeiro anterior-, seja com o presidente da República. Nada mesmo como um dia após o outro. Nuzman fez aquilo que caracterizava o movimento sindical peleguista que Lula combatia nos primórdios e para o qual hoje fecha os olhos porque, como se sabe, feio, em eleições, é apenas perder. Até quando o esporte brasileiro viverá desse modo? Lembremos que Nuzman quer comandar a operação Rio-16 como Ricardo Teixeira, sua filha e sua turma, comandarão a Copa-14. Só para planejar a candidatura do Rio, Lula assinou uma medida provisória que destinou R$ 85 milhões ao projeto. E já foi publicada no "Diário Oficial", do dia 1º de outubro, a isenção de ICMS para erguer e reformar estádios para a Copa, convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária com o Distrito Federal e todos os Estados. Tudo, portanto, feito com o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho. Mas, em vez de indignação popular, o que se vê é o presidente do STF, Gilmar Mendes, receber Teixeira e pedir a ele apoio da CBF para o programa de recuperação de presidiários do Conselho Nacional de Justiça, iniciativa, é claro, prontamente abraçada pelo cartola. E não por solidariedade ou porque o seguro morreu de velho. Mas por real interesse por quem não conseguiu escapar das grades. Como se vê, ainda, Lula receber Nuzman, ser bajulado por ele com os mesmos elogios já feitos a FHC ("O presidente que mais fez e fará pelo esporte") sem que se faça menção ao relatório do TCU sobre a gastança do Pan-2007. Bom domingo. Vote bem."

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Afundação Municipal de Esportes

Alguns dos candidatos à Prefeitura de Florianópolis fizeram discretas manifestações sobre o esporte em seus programas de governo. E os que tocaram no assunto foram unânimes em prometer uma completa reformulação na Fundação Municipal de Esportes, o maior descalabro administrativo do esporte catarinense sob a tutela de um consagrado atleta olímpico que até hoje não disse a que veio. E que também nunca se sabe por onde anda e o que tem feito a não ser comentar voleibol para os canais da Sportv.

E daí?

A mídia do centro do país está mobilizada, dedicando espaços generosos nas programações de rádio e tevê e nas páginas de jornal, com respingos na província. Os canais fechados, principalmente, não deixam passar nada. Falo do Campeonato Mundial de Futsal, com sedes em Brasília e no Rio de Janeiro. Nunca vi coisa tão medíocre e desinteressante. Os escores parecem de basquete, são altíssimos, criando a ilusão de que a emoção está presente em todos os jogos. Não é nada disso. O nível técnico é baixíssimo, o Brasil pode ganhar de 12 a 1, como na estréia contra o Egito, ou no segundo jogo massacrar os deslumbrados jogadores das Ilhas Salomão com 21 a 0. No final os goleados ainda fizeram questão de fotos ao lado dos seus algozes brasileiros, liderados pelo ídolo Falcão. Nem em jogo de solteiros contra casados isso acontece. Os maiores adversários do Brasil na competição são Espanha e Itália, em cujos times a língua oficial é o português. É por isso que a FIFA não briga pelo futsal na Olimpíada. Embora seja praticada no mundo todo, ainda é uma modalidade muito rastaqüera em termos técnicos para se tornar olímpica. Menos, é claro, para o nosso salomônico Ministério do Esporte, que investiu no evento a modesta quantia de R$ 25 milhões. Depois falta dinheiro para financiar atividades muito mais importantes para nosso esporte de base como as Olimpíadas Escolares, uma competição nacional que este ano só aconteceu por causa da chiadeira de pais e professores pelo país inteiro.

O banquete dos miseráveis

Informa a página de esportes do DIARINHO que o jantar dos clubes no Hotel Marambaia, em Balneário Camboriú, foi pago pelo Marcílio Dias. Depois do Congresso Técnico que definiu o Campeonato Catarinense de 2009 foram todos confraternizar à custa dos salários atrasados dos jogadores que defenderam o Marinheiro na série C do Brasileiro.

A voz da consciência

O sábado é do futebol, o domingo das eleições que envolverão cerca de 129 milhões de brasileiros em mais de cinco mil municípios. Em Itajaí, sede do DIARINHO, o clima andou quente, em Florianópolis, casa deste colunista, a temperatura não passou de moderada, talvez para acompanhar o início da primavera, estação muito inspiradora e divisora dos extremos emocionais e climáticos. Encerrado o nariz de cera, vamos ao que interessa, a escolha de candidatos. No caso da Capital, as opções calcadas em dezenas de promessas, variam do tapete preto ao transporte marítimo, passando pelo teleférico, construção de mais escolas, creches, hospitais, aumento de oportunidades de emprego, esporte como fator de inclusão social, sede da Copa de 2014, segurança, desenvolvimento sustentável, crescimento organizado e obedecendo a legislação vigente (coisa rara em Floripa), um cardápio extenso para paladares na maioria das vezes não muito exigentes. Seja qual for a sua opção na boca da urna, tenha em mente o conselho singelo do professor de ética e política da Unicamp, Roberto Romano, divulgado no site da UOL: “Ouça a voz da consciência e da vergonha”.

Tudo como dantes

A RBSTV retomou as transmissões do Campeonato Catarinense por mais três anos. Para felicidade de Delfim Peixoto, seus áulicos, e também dos clubes, que não viam na TV Record até então detentora dos direitos, o menor empenho e competência para tornar mais visível o produto futebol. Aliás, amigo meu e conhecedor do ramo, garante que essa é uma especialidade dos atuais administradores da Rede Record em Santa Catarina. Parecem um Midas às avessas.

As ligações perigosíssimas do doutor Ricardo

Sempre é bom ficar de olho no blog do Juca Kfouri e nas páginas esportivas de jornais como o Correio Braziliense. Só através destas fontes podemos, por exemplo, conhecer algumas das relações de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Este assunto foi levantado em abril pelos jornais associados Correio Braziliense/Estado de Minas. Por aqui não se fala nada, não se escreve nada, não se toma conhecimento de nada. Parece que vivemos em outro planeta.

Por que a CBF não fala com o Correio Braziliense?

Anteontem, em Brasília, Ricardo Teixeira se recusou a responder uma pergunta de um repórter do "Correio Braziliense", em entrevista coletiva.
O motivo está abaixo: ter sido citado numa reportagem feita pelo jornal sobre o maior lavador de dinheiro do mundo.
O grifo na parte referente ao presidente da CBF é do blog.

O elo perdido da corrupção mundial

Por LUCAS FIGUEIREDO
Correio Braziliense - 13/04/2008

Advogado e mecenas instalado no paraíso fiscal de Liechtenstein, Hebert Batliner é apontado como grande mentor da ciranda empresarial na qual traficantes, ditadores e políticos desonestos esquentam fortunasSuíça e Liechtenstein — O que alguns dos piores ditadores, mais temidos traficantes internacionais de drogas e maiores corruptos de todos os tempos têm em comum com o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira?

Resposta: em algum momento de suas vidas, todos eles fizeram suspeitas transações financeiras com um dos maiores lavadores de dinheiro do planeta. Seu nome: Herbert Batliner, advogado de Liechtenstein, paraíso fiscal da Europa. A especialidade de Batliner é ajudar seus clientes a movimentar dinheiro pelo mundo sem deixar rastros. Ele já foi acusado de prestar serviços para gente do calibre de:

1) Pablo Escobar, o megatraficante colombiano, morto em 1993, que faturava anualmente US$ 30 bilhões com a venda de cocaína;

2) Mobuto Sese Seko, que por três décadas foi ditador do antigo Zaire (atual República Democrática do Congo), período no qual acumulou uma fortuna de US$ 5 bilhões;

3) Ferdinando Marcos, ex-presidente das Filipinas, conhecido como um dos homens mais corruptos do mundo;

4) Jorge Hugo Reyes-Torres, o maior traficante de drogas do Equador, que antes de ser preso enviava mensalmente 500 quilos de cocaína para a Espanha;

5) Família Real Saudita, que controla com mão de ferro o país responsável pela maior produção mundial de petróleo.

O que liga Maluf a Batliner é um endereço. Já com Ricardo Teixeira, a conexão se dá por intermédio de uma pessoa. Paulo MalufMuita coisa já se falou das famosas contas bancárias de Paulo Maluf no exterior. Sabe-se que, na década de 1990, Maluf utilizou laranjas para movimentar pelo menos US$ 350 milhões em bancos europeus – principalmente na Suíça, na França e na Ilha de Jersey (Canal da Mancha). Sabe-se também que, por decisão da Justiça desses países, cerca de US$ 250 milhões estão congelados. O que não se sabia é que o ex-governador e ex-prefeito de São Paulo utilizou os serviços de Herbert Batliner para movimentar boa parte dessa fortuna.

Uma das contas de Maluf na Suíça, de onde partiram remessas milionárias para Jersey, tinha como titular a fundação White Gold (ouro branco). Conforme documentos em poder do Ministério Público, a fundação foi constituída por Maluf na cidade de Vaduz (capital do minúsculo principado de Liechtenstein), na rua Aeulestrasse número 74, caixa postal 86.

Como constatou o Correio/Estado de Minas, no entanto, nesse endereço não funciona nenhuma fundação White Gold, mas sim a First Advisory Group, empresa que tem como sócio Herbert Batliner.

A First Advisory Group funciona como uma espécie de biombo para empresas fantasmas. Calcula-se que pelo menos 10 mil empresas de fachada utilizam o endereço comercial de Batliner.
A fundação White Gold é uma delas. Há outras, como a fundação Pérolas Negras, controlada por Flávio Maluf, filho do deputado.

Especialista em crime organizado, que durante duas décadas trabalhou como agente infiltrado em máfias da Europa e da América do Sul, o ex-comissário de polícia da Suíça Fausto Cattaneo analisou a coincidência de endereços das empresas de Batliner e das fundações abertas pela família Maluf.

Com os resultados da pesquisa, Cattaneo afirmou que não há dúvidas de que existe uma conexão suspeita entre o advogado de Liechtenstein e o deputado brasileiro.
Ouvido pela reportagem, o Procurador-geral de Genebra, Daniel Zappelli, confirmou que, por ordem judicial, há dinheiro de Maluf congelado em bancos da Suíça. "Fizemos tudo o que pudemos no caso Maluf." Segundo ele, é possível que os recursos sejam devolvidos aos cofres públicos brasileiros. "Mas primeiro o Brasil tem de provar que o dinheiro congelado na Suíça é produto de corrupção", afirmou Zappelli.

O Correio/Estado de Minas perguntou à assessoria de Maluf se o deputado e seus familiares confirmavam serem responsáveis pelas fundações em Liechtenstein, e se foram beneficiados com a movimentação financeira dessas fundações. Perguntou também se o deputado tinha conhecimento das conexões de Herbert Batliner com traficantes, ditadores e corruptos.

A assessoria se limitou a responder que Maluf nunca teve contas bancárias no exterior.

Ricardo Teixeira

As ligações perigosas de Herbert Batliner no Brasil também se estendem a Ricardo Teixeira, presidente da CBF e principal articulador da escolha do Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014.

Como ficou comprovado em 2001 na CPI da CBF/Nike, uma das empresas de Teixeira, a R.L.J. Participações, tomou emprestado de uma firma de Liechtenstein, a Sanud Etablissement, uma quantia equivalente à época a R$ 2,9 milhões. Antes de o empréstimo ser pago, porém, a Sanud Etablissement fechou. Integrantes da CPI chegaram a classificar a transação como lavagem de dinheiro, mas nada foi comprovado.

Porém, um dado suspeito passou ao largo da CPI: a Sanud Etablissement era uma costela de Herbert Batliner. Dois dos representantes da Sanud Etablissement — Alex Wiederkehr e Hans Gassner — eram sócios de Batliner na empresa Prokurations Anstalt.
Hans Gassner tem um passado complicado. No final dos anos 1990, ele se envolveu no escândalo do banco espanhol Banesto, no qual dirigentes da instituição desviaram de seus cofres cerca de 10 milhões de euros (o equivalente a R$ 27 milhões). A função de Gassner era movimentar o dinheiro e apagar sua origem. Em 2002, vários ex-dirigentes do banco foram condenados. Mario Conde, ex-presidente do Banesto, pegou 20 anos de prisão. Gassner, no entanto, conseguiu se safar.

Após analisar informações referentes a transações financeiras da empresa do presidente da CBF e da Sanud Etablissement, o ex-comissário suíço Fausto Cattaneo afirmou que, "assim como Paulo Maluf, Ricardo Teixeira tem conexões com Herbert Batliner".
A assessoria de imprensa da CBF afirmou que Ricardo Teixeira não iria comentar o caso.


Fortunas

Com apenas 32 mil habitantes (número suficiente para encher apenas metade do estádio do Mineirão), o minúsculo principado de Liechtenstein — paraíso fiscal encravado entre a Suíça, Alemanha e Áustria — é um dos estados mais ricos do mundo. O produto de exportação de Liechtenstein são as empresas fantasmas (há duas para cada habitante) e as instituições financeiras. Nesse verdadeira lavanderia VIP, destaca-se o nome de Herbert Batliner.
Um gesto de generosidade de Batliner dá a dimensão de sua riqueza. Em 2006, ele e sua mulher, Rita Batliner, doaram ao Museu Albertina de Viena (Áustria) uma coleção de 500 quadros, avaliada em 400 milhões de euros (R$ 1 bilhão). Entre as obras, há preciosidades de Picasso, Monet, Renoir, Francis Bacon, Matisse, Cézanne, Modigliani e Miró.
No ano 2000, a imagem do advogado foi arranhada com o escândalo da movimentação financeira do Partido Democrático Cristão da Alemanha (CDU). Mas Batliner sempre negou.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Tem raposão no galinheiro

A primeira reunião do Comitê Executivo que trata da Copa de 2014 no Brasil aconteceu faz uns três meses, mais ou menos, em Brasília. Catarinenses que vivem e trabalham na capital federal e que foram dar uma espiada no encontro do Comitê ficaram de cabelo em pé quando viram quem eram os representantes de Santa Catarina. Constataram que dois deles eram figurinhas carimbadas e muito mal vistas no esporte do Estado, mas que inexplicavelmente continuam merecendo a confiança do governador Luiz Henrique e, por extensão, do secretário Gilmar Knaesel. Esse assunto veio à baila por causa da recente reunião no Rio de Janeiro, quando Florianópolis se apresentou como candidata a uma das sedes à Copa 2014. Os acima citados, para alívio geral, não faziam parte da comitiva catarinense. Um deles, por sinal, é uma raposa que não para de engordar tão fornido é o galinheiro que lhe entregaram para cuidar.

E passarinho na muda

Entre as várias versões que circulam sobre as chances de Florianópolis como sede da Copa ganha corpo, forma e intensidade, o surgimento de concorrências muito fortes que inviabilizariam mais uma candidatura do sul do país. A FIFA estaria inclinada a privilegiar o norte brasileiro e seus paraísos ecológicos. O presidente da Federação, Delfim Peixoto, um dos amigos do rei, finge que não é com ele e evita grandes pronunciamentos sobre o assunto. Prefere o laconismo ou bico calado.